Apresentação

Garotas do ABC (Aurélia Schwarzenega), décimo-terceiro longa-metragem de Carlos Reichen-bach, chega aos cinemas depois de calorosa recepção nos festivais de Brasília, Tiradentes e pré-estréias abertas ao público.

Carlão mobilizou, neste filme anarco-libertário, grande elenco, soma de profissionais experientes (como Ênio Gonçalves, Vera Mancini, Adriano Stuart, Antônio Pitanga e Selton Mello), a jovens talentos como Michelle Valle, Fernando Pavão, Luciele di Camargo, Natália Lorda e Rocco Pitanga. Mobilizou, também, técnicos de ponta, como o fotógrafo Jacob Solitrenick, a montadora Cristina Amaral e o diretor de arte Luís Rossi.

Para a trilha sonora - quase um personagem no filme, já que as tecelãs se divertem no ABC Clube Operário - o maestro Nelson Ayres criou temas erudito-sinfônicos, compôs choros e até um bolerão (cantado com garra e sentimento pela Solange de Fafá de Belém). E, em parceria com Levy, mimetizou a música de Marvin Gaye (1939-1984), a preferida das garotas do ABC, em som de altíssima voltagem, soul music a la Motown, a cargo do fictício Sam Ray.

O filme se passa no ABC paulista, região operária, território de fábricas têxteis e metalúrgicas, de gente trabalhadora e de desempregados. E também de jovens (carecas, neonazistas, racistas) reunidos em gangues que odeiam negros, nordestinos e homossexuais.

A imprensa sócio-policial brasileira registrou, recentemente, trágico fato protagonizado por integrantes destas gangues: eles obrigaram dois jovens a pular de um trem em movimento. Um perdeu um braço. O outro, a vida.